“Eu fui a Bahia, fui pedir ao Senhor do Bonfim,
Que ele me ajudasse, a seguir na Umbanda meu caminho até o fim...”
Meu irmão no santo, Marcelo Oliveira, fez um comentário muito bonito a respeito do texto de abertura publicado neste blog. Afirmando a sua fé e o seu amor pela religião que abraçou, ele não deixa de se indagar que, se ele tivesse nascido em outra cultura ou país, se sua escolha não seria outra? Lógico Marcelão, que essa é uma questão profunda, filosófica e social. Eu, particularmente, não acredito que alguém “escolhe” o caminho da Umbanda. Ao contrário, acho que a Umbanda nos “escolhe”. Assim como a Umbanda “escolheu” por renascer no Brasil e não em nenhum outro país mais ou menos desenvolvido. Há o livre arbítrio, claro que há! Mas no fundo, a escolha do caminho nem importa tanto. o que vale é como esse caminho transforma você. Recebi um e-mail do nosso irmão Carlinhos Cambono que ilustra bem isso. Ele retrataria – digo retrataria, porque em se tratando de Internet nunca se sabe – um encontro entre o teólogo brasileiro Leonardo Boff e o líder espiritual budista Dalai Lama. Boff é quem conta a história:
"No intervalo de uma mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos, na qual ambos (eu e o Dalai Lama) participávamos, eu, maliciosamente, mas também com interesse teológico, lhe perguntei em meu inglês capenga:- "Santidade, qual é a melhor religião?" (Your holiness, what`s the best religion?)Esperava que ele dissesse: "É o budismo tibetano" ou "São as religiões orientais, muito mais antigas do que o cristianismo." O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, me olhou bem nos olhos - o que me desconcertou um pouco, por que eu sabia da malícia contida na pergunta - e afirmou: "A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus, do Infinito. É aquela que te faz melhor."Para sair da perplexidade diante de tão sábia resposta, voltei a perguntar: - "O que me faz melhor?"Respondeu ele: -"Aquilo que te faz mais compassivo" (e aí senti a ressonância tibetana, budista, taoísta de sua resposta), “aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável... Mais ético... A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião..."Calei, maravilhado, e até os dias de hoje estou ruminando sua resposta sábia e irrefutável...”
Não sei a você, Marcelão, mas a Umbanda me mostra isso. Se eu não tivesse “sido escolhido” pela Umbanda, talvez tivesse seguido por outro caminho e escolhido outra religião. Ou talvez não. Na verdade isso não importa. E não importa porque sei que a Umbanda tem me feito melhor. Como eu vou saber que só a Umbanda e não outra religião me faria à mesma coisa? Não sei. Não vou saber nunca porque tenho fé na Umbanda e nos seus ensinamentos. Mas desconfio. Embora isso seja assunto para uma outra vez...
Que ele me ajudasse, a seguir na Umbanda meu caminho até o fim...”
Meu irmão no santo, Marcelo Oliveira, fez um comentário muito bonito a respeito do texto de abertura publicado neste blog. Afirmando a sua fé e o seu amor pela religião que abraçou, ele não deixa de se indagar que, se ele tivesse nascido em outra cultura ou país, se sua escolha não seria outra? Lógico Marcelão, que essa é uma questão profunda, filosófica e social. Eu, particularmente, não acredito que alguém “escolhe” o caminho da Umbanda. Ao contrário, acho que a Umbanda nos “escolhe”. Assim como a Umbanda “escolheu” por renascer no Brasil e não em nenhum outro país mais ou menos desenvolvido. Há o livre arbítrio, claro que há! Mas no fundo, a escolha do caminho nem importa tanto. o que vale é como esse caminho transforma você. Recebi um e-mail do nosso irmão Carlinhos Cambono que ilustra bem isso. Ele retrataria – digo retrataria, porque em se tratando de Internet nunca se sabe – um encontro entre o teólogo brasileiro Leonardo Boff e o líder espiritual budista Dalai Lama. Boff é quem conta a história:
"No intervalo de uma mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos, na qual ambos (eu e o Dalai Lama) participávamos, eu, maliciosamente, mas também com interesse teológico, lhe perguntei em meu inglês capenga:- "Santidade, qual é a melhor religião?" (Your holiness, what`s the best religion?)Esperava que ele dissesse: "É o budismo tibetano" ou "São as religiões orientais, muito mais antigas do que o cristianismo." O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, me olhou bem nos olhos - o que me desconcertou um pouco, por que eu sabia da malícia contida na pergunta - e afirmou: "A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus, do Infinito. É aquela que te faz melhor."Para sair da perplexidade diante de tão sábia resposta, voltei a perguntar: - "O que me faz melhor?"Respondeu ele: -"Aquilo que te faz mais compassivo" (e aí senti a ressonância tibetana, budista, taoísta de sua resposta), “aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável... Mais ético... A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião..."Calei, maravilhado, e até os dias de hoje estou ruminando sua resposta sábia e irrefutável...”
Não sei a você, Marcelão, mas a Umbanda me mostra isso. Se eu não tivesse “sido escolhido” pela Umbanda, talvez tivesse seguido por outro caminho e escolhido outra religião. Ou talvez não. Na verdade isso não importa. E não importa porque sei que a Umbanda tem me feito melhor. Como eu vou saber que só a Umbanda e não outra religião me faria à mesma coisa? Não sei. Não vou saber nunca porque tenho fé na Umbanda e nos seus ensinamentos. Mas desconfio. Embora isso seja assunto para uma outra vez...
P.S. - Agradeço muito a quem já entrou, leu ou comentou nosso blog. Vamos participar, sugerir e interagir. O espaço é nosso...
5 comentários:
Marcelo, em primeiro lugar, parabéns pela iniciativa de debater a nossa religião de forma aberta e clara, quem sabe assim conseguiremos aplacar um pouco o preconceito existente.
Concordo com você no que diz respeito ao "caminho certo". Esse assunto já foi tema de diversas conversas com amigos e a minha resposta é sempre a mesma. NÃO há uma religião certa, o que sim existe é a PESSOA certa para seguir determinada religião.
Um dos motivos que me fizerma seguir o caminho da UMBANDA é justamente esse respeito às outras religiões, pois penso que é impossível pregar o amor, o respeito e a humildade se de entrada dizemos que as outras religiões são erradas ou que o outro está "perdido" se não aceitar a nossa religião como única e verdadeira.
Como você bem disse, a questão é longa e merecedora de debates mais profundos.
Abraços
Pois é Facundo - ou johny.bravo (rs) - a idéia deste espaço NÃO É debater religiões, mas discutir a Umbanda, seus ritos, mitos, filosofia, uso, lições e aprendizados. Mas como parece inevitável debater religiões, em face de todo o preconceito que nós Umbandistas ainda sofremos e da consequente mágoa que isso acarreta talvez num futuro voltemos ao assunto... Quem sabe???
Muito bom!
Estamos em sintonia com as mesmas idéias, lógico!
Escolher ou ser escolhido, a meu ver não tem muita diferença, pois no final o que importa é a paz que pode habitar cada um de nossos corações. Paz essa que sabemos ser devido a vivências conflitantes, pensamentos cheios de questionamentos e aquela maravilhosa e pasma constante prova ou justificativa de tudo aquilo que nós questionamos e nos questionamos.
Como diz os místicos, somos partes da consciência divina, que para nosso crescimento espiritual, nos esquecemos desse detalhe. Cabe a nós resgatar essa "consciência".
Preconceito religioso... Moisés e outros que o digam rs!
Devido ao inevitável instinto de sobrevivência (característica primitiva atrelada a nós seres, ainda em evolução), cada um tende a defender o que acha certo, mesmo que para isso passe a tomar atitudes agressivas ou até violentas. Não se pode impôr nada pela força. A História da Humanidade nos mostra isso claramente. Rezemos, ou "oremos" por aqueles que ainda não tenham encontrado "paz" em seu caminho.
Lembremos que cada um tem seu próprio "tempo".
A Umbanda, nossa religião, está sustentada em poderosos pilares: AMOR, CARIDADE e FRATERNIDADE.
Se você se apoia neles e está verdadeiramente "CONSCIENTE" do significado de cada um...
Queridos irmãos;
Gosto muito de vir aqui...é como estar na "gira" e poder conversar ao mesmo tempo...
É um papo cabeça, que remete-nos a reflexões muito sérias e progressistas sobre nós, os espíritos amigos e nossas "escolhas", o que é de verdade o fato fundamental, gerador de tudo mais que nos ocorre.
A lição máxima PRATICADA pelo Mestre Nazareno nos envolve cêdo ou tarde=..."fazer aos outros aquilo que gostaríamos que os outros nos fizessem"...o caminho é sempre um derivado da ESCÔLHA que fazemos...Estar em PAZ consigo e buscar estar em paz com os outros já é um grande passo. Saravá!!!!
Mais do um grande passo, irmão... estar em paz é primordial para nossa evolução nesta dimensão!!! Agradeço suas palavras, bem vindo à nossa "gira" (rs) e espero vc muito mais vezes por aqui!!! Abraço grande...
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