sexta-feira, 30 de outubro de 2009

AS ORIGENS DA UMBANDA (2): NO INÍCIO DE TUDO


No início de tudo, entre 4,5 e 5 bilhões de anos atrás, a Terra apresentava sobre a sua superfície um material derretido muito quente, formado em grande parte por ferro, níquel e outros metais pesados, que com o decorrer do tempo foram se concentrando em seu núcleo. Há cerca de 3,9 bilhões de anos, o resfriamento permitiu a solidificação das rochas, dando origem a uma camada sólida externa sobre a superfície terrestre, que é a crosta. A ciência moderna acredita hoje que há 200 milhões de anos existia um único megacontinente: Pangéia, que em grego quer dizer “Toda a Terra”. Com o passar do tempo, ele se fragmentou em dois supercontinentes chamados Laurásia (América do Norte e Eurásia) e Gondwana (América do Sul, África, Índia, Austrália e Antártida) e, há 84 milhões de anos, houve a separação entre a América do Norte e Eurásia e entre a América do Sul, África, Oceania e Índia, que se tornou uma ilha no oceano Índico. As evidências que comprovam essa teoria vão desde o “encaixe” quase perfeito entre América do Sul e África, análises rochosas comuns a esses continentes e até fósseis de animais similares encontrados nos continentes separados pelos oceanos.

Essa teoria, globalmente aceita pela ciência atual, é descrita no
Popol Vuh, o livro sagrado da civilização Maia, considerado a “Bíblia das Américas”, onde é dito que: -"O aspecto da Terra ainda não havia sido revelado, havia apenas o Mar Doce e o espaço aberto do Céu. Assim falaram as Divindades: –"Retirai-vos Águas e dai lugar para que a Terra aflore e se consolide". "TERRA", disseram, e no mesmo instante esta foi criada". A civilização Maia povoou a mesoamérica, região onde hoje se localizam os territórios da Guatemala, Belize, Honduras, El Salvador e Costa Rica. Diz também o Popol Vuh: "De barro, fizeram a carne dos Homens"–, significando, talvez, que a Primeira Raça Humana era de cor vermelha acobreada, da cor do barro com que foi criada, símbolo da interação da Terra e da Água, vivificada pelo Fogo do Espírito insuflado pelo Ar do Hálito Divino, muito bem explicada, como veremos posteriormente na cosmogonia e teogonia Umbandista.

Com o passar dos milênios, a raça humana multiplicou-se e foi ocupando as terras firmes do imenso continente único ainda existente, vivendo em perfeita comunhão ecológica com seu meio ambiente, sobrevivendo aos imensos cataclismas naturais que se processaram a partir dos rompimentos deste continente único, quando os diversos fragmentos continentais subseqüentes começaram a se afastar uns dos outros, para se tornar o que hoje conhecemos. Estas tradições estão expressas nos livros sagrados de várias raças como o
Papiro dos Mortos, os Vedas, a Epopéia de Gilgamesh, a Torah, os Eddas, a Bíblia e em cada cultura é reportada de uma diferente forma. Ao iniciarem a exploração das terras brasileiras, por volta do ano 1.500 d.C., os europeus também conheceram as lendas de nossos povos indígenas, os quais seriam modernamente conhecidos como Tupi-Guarani e que com toda certeza também sobreviveram aos gigantescos cataclismos relatando de seu jeito sua luta pela sobrevivência. Entre elas, contada pelo Padre Simão de Vasconcellos a que batizava de Pindorama nosso país, dava conta de que um antigo pajé de nome Tamandaré (ou “Aquele que fundou a raça”), ao comunicar-se com o espírito de seu antepassado (Nhanderú Avô mais antigo), foi-lhe revelado que uma grande chuva inundaria toda a terra e ele só poderia salvar-se se ficasse com sua família em cima de uma determinada palmeira que ficava em um certo cume. Seguindo estas instruções, Tamandaré salvou a si e sua família, repovoando assim toda a terra. Vale lembrar que esta lenda encontra claramente ecos no dilúvio Bíblico de Noé e na lenda dos índios venezuelanos Tamanacos reportada pelo célebre missionário Padre Gilli...

A SEGUIR: AS ORIGENS DA UMBANDA (3): RITUAIS INDÍGENAS SEM PARÂMETROS NO VELHO MUNDO

Para quem quer saber mais:
A Evolução da Vida na Terra - Ingrid B. Bellinghausen
Os Gêmeos do Popol Vuh – Jorge Luján
Chronica da Companhia de Jesus do Estado do Brasil – Padre Simão de Vasconcellos

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