quinta-feira, 29 de outubro de 2009

AS ORIGENS DA UMBANDA (INÍCIO)


Embora alguns dos rituais ainda hoje utilizados nos ritos umbandistas em geral remontem a milhares de anos, encontrando ecos no Egito antigo e - segundo muitos acreditam - muito além, é certo afirmar que a Umbanda de hoje é uma religião sincrética, tendo sua tríplice influência nas próprias origens que deram feitio ao povo brasileiro. Indígenas, africanos e europeus se encontraram e miscigenaram em um terreno fértil, tanto físico quanto espiritual, originando sob diversas influências do astral superior o que hoje vemos e praticamos nas giras de nossos terreiros.

A partir deste post, vamos mostrar aqui um pouco a respeito deste caldeamento que proporcionou o encontro e a harmonia de linhas espirituais tão diversas, que hoje se complementam e transcendem as diferenças dentro de um conceito comum de fé, esperança, amor e caridade, levando a tantas pessoas o enlevo de que necessitam para a difícil senda que é a vida terrena de todos nós. Desde a época do primeiro encontro com os europeus em choque com a primitiva pureza de suas tradições, os índios brasileiros sabiam-se de uma origem tão antiga que denominavam a sua mítica terra de origem ancestral pelo nome de “Pindorama”, porque este nome referenciava-se a uma lenda que envolvia a idéia de um dilúvio universal que havia alcançado até a Terra das Palmeiras (Pindorama). Assim, vivendo na mítica Pindorama de seus ancestrais em perfeita integração com a natureza, sendo alguns dos povos que melhor retiveram a “centelha espitirual” das primevas raças humanas, até a chegada do “colonizador” europeu e de seus escravos africanos.

Viajantes e estudiosos da época do descobrimento e colonização inicial do Brasil espantaram-se com a constatação da profunda espiritualidade dos antigos Tupis. Suas observações demonstram que a concepção religiosa, mística e teogônica destes povos eram de uma grande pureza, elevação e estrutura moral, e que hoje entendemos, somente poderiam ser alcançadas por uma raça de antiqüíssima maturação espiritual. Jean de Lery, viajante e historiador francês, nasceu em 1534 e morreu em 1611, mesmo sendo um zeloso teólogo calvinista, fez apontamentos interessantes em seu livro Histoire dún voyage faict en la terre du Brésil (1578), onde narra suas aventuras por um ano em terra brasileiras: “Quando ribombava o trovão, a que chamavam Tupan, assustavam-se e nós aproveitávamos o lance para dizer-lhes que era Deus que assim fazia tremer o céu e a terra, afim de mostrar sua grandeza e poder. A isto respondiam que se Ele assim os intimidava, então não valia nada”.

A partir daí, as influências de culturas múltiplas negociaram entre si no terreno fértil da religião e crendice na construção de uma religião UNA. Cada cultura leu e releu em um verdadeiro jogo de espelhos, a diversidade da outra e encontrou nesta alteridade seu próprio sentido, sua verdade sincrética e culturalmente aceitável. Esse é um movimento de progressão e crescimento, como o do próprio ser humano em busca de evolução terrena e que ainda não chegou ao fim. É por essa viagem, em busca de nossas raízes e história que vamos partir agora. Boa viagem para todos nós.

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