segunda-feira, 21 de setembro de 2009

AS MISSÕES NA UMBANDA


“Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos”. Mateus 22:14

Dentro do ritual Banthu-Ameríndio, é no dia da obrigação de feitura da Cabeça – ou Mão de Santo – que sabemos qual a nossa missão na Umbanda. De Cambono Colofé, a Alabê, de Ganga a Babalorixá, é partir daí que sabemos o tamanho da cruz que deveremos carregar no que se refere a nossa vida espiritual. E quando me refiro ao “tamanho da cruz”, não estou querendo ser sarcástico ou fazer qualquer tipo de humor. A “cruz” de quem tem missão superior na Umbanda é pesada, pois as responsabilidades carmáticas são muitas.

Antes de qualquer coisa, “receber uma missão” dentro da Umbanda não deveria ser motivo de orgulho ou jubilio para ninguém. Se por um lado, a missão pode ser entendida como uma verdadeira convocação ou outorga divina para tarefas que exigem espíritos encarnados mais experientes ou com uma maturidade maior que os demais dentro de um determinado contexto, por outro lado, mostra claramente como é grande a necessidade do resgate cármico que esses mesmos espíritos têm. Falando mais claramente: Se você tem a capacidade para resolver e agir desta forma, se o seu espírito encarnado é capaz de tomar para si tamanha responsabilidade e mesmo assim você ainda está aqui com a necessidade fazer isso... é muito importante que você vigie bem os seus atos! Ou como diria certo irmão no santo: COM CERTEZA VOCÊ ESTÁ DEVENDO!

Vou tomar emprestado o exemplo de uma outra religião, para que o entendimento possa ser mais claro. A missão superior dentro da Umbanda, encontra parâmetros de comparação com o apostolado bíblico. Por essa razão, quem já leu a bíblia sabe que existiram muitos discípulos e poucos apóstolos. Aos apóstolos, eram conferidos ensinamentos mais amplos e minuciosos, que demonstravam idéias que aos discípulos só eram expressas através de imagens fortes ou parábolas. Por isso, creio que a convocação divina, a missão, deve ser explícita em quem a tem, não só pela autoridade conferida, ou pelo conhecimento adquirido, mas sobretudo pelo encargo moral e uma conduta condizente, refletidos em ações diárias e uma responsabilidade de quem se torna pressuposto penal necessário de punibilidade aos seus atos ou de quem o segue. Ou seja, consciente com relação aos atos que pratica ou leva outros a praticarem, sua responsabilidade cármica se torna ainda maior já que você não é mais responsável apenas por você, mas por outros também, tanto em atitudes como em modelo a ser seguido. Voltando ao exemplo bíblico, por isso nem todos os médiuns devem carregar essa “cruz” ou receber essa missão. Aliás, são poucos os que são chamados diretamente para uma missão específica, o que nos faz lembrar as palavras: “Muitos são chamados (médiuns), mas poucos os escolhidos (missão superior)”.

Então, você que recebeu ou receberá missão na Umbanda, antes de encher-se de orgulho, entenda a gravidade e a responsabilidade da qual você foi imbuído. Entenda que é através deste - com certeza - difícil caminho, mas - quem sabe - também recompensadora senda, é que você conseguirá resgatar dívidas pretéritas e posicionar-se um dia em um plano mais elevado, mas que hoje você ainda não está lá. Como diz aquele belo ponto de Linha das Almas: “Eu fui à Bahia, fui pedir ao Senhor do Bonfim, que Ele me ajudasse, a seguir na Umbanda meu caminho até o fim, Meu senhor do Bonfim, me ajude, Eu preciso de paz e saúde”. E claro, muito discernimento.

6 comentários:

Anônimo disse...

Nooossa... eu tinha uma pequena noção do tamanho da responsabilidade, porque no que diz respeito à "missão" é certo de que ela exigirá muita seriedade da parte de cada um. Mas não fazia idéia do tamanho do fardo.
Com certeza cada médium encontrou a Umbanda por um motivo.

Eu mesmo, a pelo menos tres anos nunca tinha pensado em me tornar umbandista, não por preconceito, até porque eu sempre acreditei em reencarnação e acho que isso já é um caminho andado, mas meu pai era evangélico, aliás todos os parentes do meu pai são evangélicos (rsrs). Ele me dizia que não existia nada disso e ponto final. Como sou teimoso, sempre procurei ler Kardec e aos poucos fui estudando e crendo cada vez mais. Em 2007 meu pai veio a falecer, foi muito triste pra toda minha familia, mas principalmente pra mim que fiquei um tempo sem falar com ele. Tão novo e entrei em depressão, mas eu precisava sair daquele sofrimento, pois toda a responsabilidade que meu pai tinha com a casa e com minhas 3 irmãs passaram pra mim. Acho que isso também é uma missão, pois encontrei equilibrio e forças pra encarar tudo isso quando me tornei umbandista em 2008. Até hoje ainda é dificil superar, mas faz parte...

Marcelo disse...

Pois é irmão, a coisa é MUITO séria e muitas pessoas não se dão conta disso. Por isso quis escrever este post. Quanto a nossa "missão" também fora do terreiro, tem um ditado antigo que é bem verdade: DEUS NUNCA NOS DÁ UM CRUZ MAIS PESADA DO QUE POSSAMOS CARREGAR. O que temos sempre é que tentar entender porque e tirar daí a nossa lição. Quem sabe ela assim não nos seja tirada ou quem sabe seu peso se torne bem mais leve? Abraço grande...

royo disse...

Belas palavras, bem profundas para quem realmente entende o verdadeiro sentido de nossa missão. Ressalto que, mesmo que não tenhamos a missão superior, a caminhada é longa e, cheias de incertezas. O fardo, também é pesado, pois, nos dias atuais, você colocar em prática os conceitos apreendidos durante a gira em nossa vida fora do Terreiro é bem difícil, razão pela qual, devemos sempre nos lembrar que estamos nesse mundo porque temos uma missão. Beijos nos corações de todos.

Marcelo disse...

Exatamente, irmão!!! Não pode haver distinção do que somos dentro ou fora do Terreiro. Como disse Ghandi: "A vida é um todo indivisível, não podemos fazer o bem de um lado e o mal de outro." Devemos levar nossa vida, de acordo com o que aprendemos com nossas entidades. Essa é a nossa verdadeira e, talvez, mais difícil missão!!! Obrigado pelo comentário e um abraço grande!!!

Unknown disse...

-Prezados, em poucas oportunidades que passo AQUi pra ler, fico muito FELIZ não só pelos temas como pela maneira LÚCIDA e positiva como são abiordados e a...maturidade que vejo CRESCEr a cada dia... Já tive oportunidade de dizer a alguns irmãos equeria registrar aqui tb. Cada ação ou função , dentro ou fora da Gira ou terreiros tem séria inportancia na concretização de um algo maior, completo....Não devemos deixar que estas "diferenças" entre MISSÕES seja vista(como postou Marcelo)...de forma a se "orgulhar" demasiadamente ou se constranger por achar-se MEnOR...entendo que (simples comparação) semelhante aos nossos DEDOs DA MÃo, são "diferentes" mas...só têm ToTAL SIGNIFICADO quando UNIDOS, em pról de um mesmo OBJETIVO. Parabéns irmãos! "Dá gosto" e muiiita ALEGRIA ver este espaço na Net!!!! Muita saúde e paz a todos! Saravá!!! *

Marcelo disse...

Perfeita a sua comparação com os dedos da mão, irmão!!! Cada um tem mesmo sua função não só pelo que é, mas também pelo que precisa! Antes de motivo de orgulho, nossas missões devem ser motivos de reflexão e união. Mesmo porque sozinhos, nossos caminhos ficam muito mais difíceis. Obrigado pelo comentário engrandecedor!!! Axé, saravá e um abraço forte para vc...