terça-feira, 15 de setembro de 2009

A CRENÇA UNIVERSAL NA REENCARNAÇÃO (7): JUDEUS


“Se alguém é mal sucedido no seu propósito neste mundo, o Eterno, Bendito seja, o desenraiza e planta mais e mais vezes“. (Zohar I 186b)

Ao descer do Monte Sinai, Moisés trouxe em suas mãos as tábuas sobre as quais Javé gravou os dez mandamentos que doravante deverão servir de Lei ao povo hebreu. Esse episódio fundamenta o caráter exotérico do judaísmo. Porém, os ensinamentos esotéricos são reservados para poucos estudiosos e as correntes se confundem. O fato de que a reencarnação seja parte da tradição judaica surpreende muita gente. Apesar disso, ela é mencionada em numerosas passagens em todos os textos clássicos do misticismo judaico, começando com a preeminente obra da Cabala, o Sefer há-Zohar (Livro do Esplendor).

Embora sejam muitos os que entendem que o conceito de reencarnação sempre esteve firmemente impresso na religião judaica, existem aqueles que não a aceitam de forma alguma. De um modo geral, com o nome de Transmigração de Almas (em hebraico Guilgul Neshamot), os praticantes do judaísmo, especialmente as correntes ortodoxas - como o hassidismo (aqueles judeus que andam de casacos e chapéus pretos) - e cabalistas acreditam que, após a morte, a alma reencarna numa nova forma física. Diversos textos clássicos atribuem grande importância à doutrina da Reencarnação, usada para explicar que os justos sofrem porque pecaram em uma vida anterior. Neles, o renascimento é comparado a uma vinha que deve ser replantada para que possa produzir boas uvas.

O Rabi Shamai Ende escreveu, na revista Chabad News de Dezembro de 1998: "O conceito de Guilgul (reencarnação) é originado no judaísmo, sendo que uma alma deve voltar várias vezes até cumprir todas as leis da Torah. Na verdade, cada alma tem dois tipos de missões nesse mundo. A primeira é a missão geral de cumprir todas as mitsvot da Torah. Além disso, cada alma tem uma missão específica. Caso não tenha cumprido a sua, a alma deve retornar a este mundo para preencher tal lacuna. Somente pessoas especiais sabem exatamente qual é sua missão de vida”.

Como vimos no post anterior, sobre religiões cristãs, diversas traduções da Bíblia, deturparam muitos dos seus significados no decorrer dos anos, de acordo com seus próprios interesses. Um exemplo claro está na seguinte passagem do Salmo 19:8, em Hebraico transliterado: "Torát Iavéh temimáh mshibat nefésh. 'edut Iavéh neemanoáh machkimat péti". A tradução mais fiel seria: "O ensinamento de Deus é perfeito, faz o espírito voltar. O testemunho de Deus é verdadeiro, transforma o simples em sábio". No entanto, a tradução feita pelas seguintes bíblias altera o sentido original da reencarnação: Bíblia Protestante da SBB (Sociedade Bíblica do Brasil): "A Lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma". Ou a Bíblia Mensagem de Deus (Edições Loyola): "A lei do Senhor é sem defeito, ela conforta a alma". Ou ainda a Bíblia de Jerusalém (Edições Paulinas): "A lei de Iahvéh é perfeita, faz a vida voltar". Ou seja, fica fácil entender porque os judeus não aceitam o Novo Testamento.


Para terminar, vamos às palavras do rabino Philip S. Berg: “A palavra hebraica para reencarnação é Guilgul Neshamot, que literalmente quer dizer “roda da alma”. É para esta vasta roda metafísica, com sua coroa constelada de almas, como estrelas nas bordas de uma galáxia, que devemos dirigir nosso olhar, se desejamos ver além da aparência da inocência punida e da maldade recompensada. Guillgul Neshamot é uma roda em constante movimento e, ao girar, as almas vêm e vão diversas vezes, num ciclo de nascimento, evolução, morte e novo nascimento. A mesma evolução ocorre com o corpo no decorrer de uma única vida”.

Para quem quer saber mais:
Analisando as traduções Bíblicas - Severino Celestino da Silva
Sociedades Secretas - Vol.I - Jean-François Signier e Renaud Thomazo
Chabad Brasil - Rabi Avraham Brandwein
Reencarnação – As rodas da alma - Rabino Philip S. Berg



A seguir: A CRENÇA UNIVERSAL NA REENCARNAÇÃO (8): CONCLUSÃO

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