terça-feira, 1 de setembro de 2009

A CRENÇA UNIVERSAL NA REENCARNAÇÃO (5): ÍNDIA


"Nunca houve um tempo em que Eu não existisse, nem você, nem todos esses reis; e no futuro nenhum de nós deixará de existir. Assim como, a alma encarnada passa seguidamente, neste corpo, da infância à juventude e à velhice, similarmente, a alma passa para um outro corpo após a morte. Uma pessoa sóbria não se confunde com tal mudança". - Bhagavad-gita (2: 12-13)


Arqueologicamente, os registros históricos sobre a reencarnação na Índia são tão antigos quanto os do Egito, mas popularmente a identificação foi ainda maior já que foi nessa cultura que o conceito encontrou seu grande desenvolvimento, fazendo parte das crenças dos seus habitantes até hoje. Segundo a maioria dos pesquisadores, o surgimento da doutrina na Índia é por volta de 1.500 a.C., com a publicação dos Vedas, uma obra poética composta por 1.200 hinos dedicados aos deuses e uma série de práticas religiosas.


Em toda parte é possível encontrar relatos de pesquisadores não ligados à chamada “arqueologia oficial”, que afirmam datas muito mais recuadas para a civilização da região, propondo assim que as noções de reencarnação já estariam estabelecidas na Índia em uma época muito anterior ao surgimento da civilização egípcia. Segundo estas fontes, os árias – ou arianos – teriam chegado à região posteriormente, somente assimilando os antigos conhecimentos. Estes estudiosos garantem que é de fato na Índia que nasceu a verdadeira compreensão da reencarnação, falando em um processo infinito de morte e renascimento como uma forma de levar a humanidade a compreender a iluminação e buscar a libertação da alma.


Assim, antes da religião hindu se ramificar em inúmeras crenças e cultos, ela possuiria um credo único, segundo o qual todas as formas da natureza eram manifestações da Vida Una, com exceção da alma, vista como um elemento diferenciado desta unidade. Sua “missão” era modificar-se, crescendo e aprendendo através de sucessivas encarnações, até poder retornar à sua origem, ao ponto de onde surgiu, atingindo assim a libertação. Segundo uma das crenças hindus, moksha (libertação) é o quarto e derradeiro objetivo na samsara (ciclo de renascimento) em mundos inferiores. Quem alcança a moksha, já ultrapassou a ignorância e percorreu o marga (caminho). O marga é composto de três percursos principais: Jnana (caminho do conhecimento ou compreensão), Bhakti (caminho da devoção) e Karma (caminho da ação). Pode-se conseguir a iluminação através de qualquer uma dessas vias, cada espírito está livre para escolher a que parece mais apropriada para a atual encarnação. O certo é que a moksha não pode ser um objetivo em si, na verdade ela só poderá ser alcançada quando todo o desejo e o apego forem abandonados, incluindo o desejo pela própria moksha. Não existe nenhum salvador ou redentor, mas muitas seitas, guias, gurus ou deuses que podem te auxiliar durante o caminho.


Vale lembrar que a doutrina na Índia apresenta uma diferença com relação à moderna Doutrina Espírita levantada por Kardec e aceita como base pela maioria dos pensadores atuais: Ela entendia que era possível uma pessoa retornar para uma nova vida no corpo de um animal. Perante o espiritismo moderno, dentro da lógica que conhecemos, a alma não pode regredir. Pode estacionar, mas a evolução do espírito não admite retrocesso. Assim sendo, na nossa Umbanda admite-se a reencarnação como o processo das existências sucessivas, retomando o espírito o corpo físico, mas do mesmo ponto evolutivo em que se encontra para um novo aprendizado ou para restabelecer o equilíbrio perdido em vidas pretéritas.


Para quem quer saber mais:
Religiões do Mundo – John Bowker
Bhagavad-gita Como Ele É - A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada
Índia Antiga Didática - André Bueno
Os Vedas – Raul Xavier


A seguir: A CRENÇA UNIVERSAL NA REENCARNAÇÃO (6): CRISTÃOS

2 comentários:

Mauricio disse...

Querido Marcelo,
Mais um texto lindo de se ler. Gostei mais ainda das referências....estou aprendendo muito!!!
Grande abraçø,
Mauricio

Marcelo disse...

Seu pedido é uma ordem, querido!!! Só de saber que vc tem nos visitado e participado com frequência do nosso blog, já é motivo e gratificação suficientes!!! Se puder, e achar conveniente, peço que indique tbm para seus filhos no santo de Petrô! Vamos aumentar nossa corrente... abraço grande...